“Oh querida, quanto tempo te escrevo sem retorno, ando exausto de ser
frágil.
Pergunto-me se futuramente algo alem de cartas somente enviadas nos
ligará?
Ando repetindo os mesmo versos a meses, deixei o “eu te amo” em lápis,
decides se deixa-o eterno a tinta. Imagino que o entregador anda falho contigo,
te encontrar também anda difícil pra ele?
Variei as flores, percebestes? Os jasmins deixam as cartas com um aroma
bom, já que não consigo mais sentir o teu.”
Acho essa carta entre entulhos
do quarto, achei também saudade, amor e umas compras de 1,99. Achei você
(novamente). Achei que tinha perdido o rastro, achei você em outra, achei você
outra. Vi que não!
Sim, eu vou sorrir, mas nesse
momento vou chorar, ai pensar que não tem mais lugar, que o deitar no peito
agora é vão, que o bom dia calou-se.
Aproveitei pra ler todas as
outras cartas feitas a mão, guardo cópia de cada uma que a ti dei e agora
convivo com tua falta que não me larga, e que todos os dias esse porta-retratos
vem me lembrar de que sem você aqui eu não sou nada.
Sentindo na pele a resposta da
pergunta que tanto fiz “E se amor não morre?”.
Teu eco responde, tua ausência
(não) é sorte. Da solidão á morte.
Marcelo C.