quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A flor que roubei da vizinha para te dar.



Maestria na alegria
Não imune a tristeza
Mas, sublime a lealdade.
A flor a ti oferecida
Na nossa caixa mágica será guardada
Junto  com nosso filho
Plantas
Cd’s
Declarações de amor
Presentes, e uma camiseta suja.
Diz que amor não morre
Diz que felicidade se planta
Nasce uma arvore
Ela diz que não sabe, desdenha do carinho
Diz “eu te amo” e sorrir.

Marcelo C.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Alta estrada


Talvez quando você lê esse bilhete você lembre que o espaço vazio da cama é meu, te deixo juntamente com as contas atrasadas, afinal de contas você percebe que chegamos ao fim da nossa cota?
Uma cama vazia, uma banda de colchão mais leve, um travesseiro frio.
Fui embora antes que esquentasse ou o meu cheiro ficasse, na rodoviária exala. És solitária.
És também um bocado de tantas outras coisas, ouço isso de outros.
Nessa ultima passagem fiz varias coisas pela primeira vez na sua casa. Percebeste? Percebeste? Creio que não...
Tratei de redecorar do nosso jeito, espalhei tudo, baguncei, não quero que percebas algo novo em mim, tratei de cometer haraquiri na sua e na minha vida.

[...]

Extravagâncias, amantes, dívidas, separações, alegações de incesto, morte por febre.
Tem que saber que não é invulnerável, que vão te fazer a corte e os cortes, nunca as suturas. 
Você é antigo na dor, faz de sangrias coaguladas teu pranto.
Você colocou as mãos na labareda, deu as mãos de bandeja à palmatória.
Você cometeu haraquiri, e o show ainda nem chegou na metade.

[...]

Espero de volta teu bilhete, rasgue o meu, não importa, sei que dirás que quem cansou foi tu, não adianta.
Cansou do joguete, cansou das brigas, cacete!
Embebedar-se não resolve, derrame de sangue no carpete mancha, querosene o fogo consome, assim como teu nome, assinatura, cheiro de cigarro, embebedar-se não resolve.
Teu nome que some, assim como calor do travesseiro que nem deixastes mornar.
Quando você lê esse bilhete já estarei na alta estrada, aliança já quebrada.
Sim cometerei haraquiri apenas em nossas vidas, sua vida, que breve breve será esquecida.

Marcelo C.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Querida saudade.


Oh querida, quanto tempo te escrevo sem retorno, ando exausto de ser frágil.
Pergunto-me se futuramente algo alem de cartas nos ligará?
Ando repetindo os mesmo versos a meses, deixei o “eu te amo” em lápis, decides se deixa-o eterno a tinta. Imagino que o entregador anda falho contigo, te encontrar também anda difícil pra ele?
Variei as flores, percebestes? Os jasmins deixam as cartas com um aroma bom, já que não consigo mais sentir o teu.
Estive mudando as coisas de lugar se quer saber, a antiga cama findou-se, uma nova pus no lugar.
O armário pro lado direito mudou-se, eu sei é estranho.
Desde tua ida (por enquanto definitiva) que a data não me esqueço, as roupas deixadas doei pra quem precisa, os perfumes quebrei para não mais teu cheiro sentir, passei a usar roupas pretas, ainda lúcido findei por achar o amor feio, cheirando a mijo. Hoje o acho-o livre.
Oh querida a dor da doença mortal me domina também, mas ainda faltam cartas a serem escritas, ainda falta tu ler e o convite me fazer.
Espero tua resposta incansavelmente, semana passada até cansei, mas tomei um porre e esqueci.
Gosto de anotar as datas de envio, mas mesmo assim esqueço-me. Só lembro a data da tua partida minha querida.
O entregador de ontem era novo, solicitei a mudança nos correios. Eles não me deram respostas, mas todo mês é um entregador diferente. Engraçado falar entregador se a mim nada é entregue, talvez ele me traga esperança quando a porta do sanatório bate. Só entrego-lhe correspondências.
Corre na minha memória que teu endereço é fixo, intriga-me a falta de resposta.
Hoje irei preparar mais 10 exemplares de cartas a ti pra serem enviadas ainda essa semana, corrija-me se estiver errado mediante ao endereço: cemitério da paz, número 148, túmulo 23.

Marcelo C.